Resíduo - Carlos Drummond de Andrade
Um poeta chegou aos céus semana passada. Talvez ele ria muito, com o que chamaria de blasfêmia de minha parte, ao dizer que está no céu. Um anjo torto de boca suja, amante da boa cozinha e dos destilados profanos. Mas ainda sim um anjo.
Fico imaginando o reboliço implantado no setor de prosa e verso celestial:
Senhor não temos internet, sequer sabemos o que seja lap top com wireless. Digitar sentado na nuvem?!(Oh Senhor ele é daqui mesmo?) As músicas vem das harpas, não temos mp3 de mpb. (O que é mpb?) Fazer macarrão à putanhesca não pode, muito menos mousse de chocolate, oras!
Se alguém um dia achou, que o céu poderia ser monótono, tenha certeza de que agora não mais o será. Fora da Lei chegou para agitar, fazer sorrir. Ensinar as almas a cantar Gal, Bethânia e a gostar de ler seu Drummond, dona Raquel... Mas imagino se ele encontrar Vinicius, aí a coisa vai pegar. Altos papos, sonoras gargalhadas e duas vozes alteradas cantando Eu sei que vou te amar, com Tom ao piano. Aí terei a certeza de que Luiz Orlando Morais estará totalmente em casa e feliz.
Poetas não morrem, adormecem
e deixam de oferecer seus inéditos aos amigos
Cassia - (Azalea)
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