- Direito Autoral -

Eu respeito o dos outros!

Por favor, respeite o meu!

quarta-feira, 19 de setembro de 2007


Recebi este texto hoje da minha amiga Walkiria, gauchinha tri- legal e depois que o li ela me brindou com mais uma das suas frases lindas:
- Mandei esse PPS, porque falar com você é como matear para mim.
Walzinha tem o dom de me deixar sem palavras, tamanho é o seu carinho. Por isso faço esta homenagem a ela e também a outra gaucha maravilhosa, Vera. Com quem falar é como matear para mim. Duas irmãs que Deus, através da internet, deu de presente para esta paulistana e que agradeço todos os dias.

"O texto desta apresentação me chegou por e-mail, supostamente conseguido num programa de rádio argentino. Gostei muito e decidi traduzí-lo e convertê-lo neste que irás ver.

Amado


Tomas um Mate?

O mate ou chimarrão não é uma bebida. Bueno, sim, pois é um líquido e entra pela boca, porém não é uma bebida. No Rio Grande do Sul e nos paises cisplatinos, ninguém toma mate porque tem sede. É mais um costume, como coçar-se. O mate faz exatamente o contrário da televisão: Te faz conversar se estás com alguém e te faz pensar quando estás solito.

O mate ou chimarrão é feito com a erva mate, a qual é encontrada principalmente no sul do Brasil e norte da Argentina. É uma bebida genuinamente nativa, sendo o mais antigo e tradicional dos hábitos gauchescos. É um legado dos índios Guaranis e esse costume foi fortalecido e expandido pelos espanhois e jesuitas.

Quando chega alguém na tua casa, a primeira frase é “buenas” e a segunda é: Vamos matear? Isto se passa em todas as casas, seja de rico ou de pobre. Passa entre mulheres e homens sérios ou imaduros, velhos ou jovens. É a unica bebida compartilhada entre pais e filhos sem discussão e onde ninguém “enche a cara”. Chimangos ou maragatos, gremistas ou colorados cevam mate sem entreveros. No inverno ou no verão.

É a única coisa em que nos parecemos vítimas e carrascos; bons e maus. Quando tens um filho, começas a dar mate quando ele te pede. Se o dá morno com algum açúcar, se sentem grandes. E tu sentes um orgulho enorme quando um piazito teu começa a chupar o mate, parece que o coração te sai do corpo. Depois com os anos, eles elegem se o tomam amargo ou doce, muito quente ou tererê, com casca de laranja ou limão ou ainda com alguma planta medicinal misturada à erva.

Quando conheces alguém e não tens confiança, ao convidá-lo para um mate perguntas: Doce ou amargo? E se o outro responde: Como tu tomas. É um bom sinal.

Nas casas do Rio Grande do Sul sempre há erva mate. A erva é a única que há sempre, com inflação, com fome, com militares, com democracia, com “mensalões”, ou com quaisquer de nossas pestes e maldições eternas. E se um dia não houver, um vizinho têm e te dá, pois a erva não se nega a ninguém.

Rio Grande do Sul é um dos poucos lugares do mundo onde a transformação de uma criança para um homem ocorre num dia em particular. Esse dia não é o dia em começastes a fumar ou usar calças ou quando fizestes circuncisão ou entrasse para a universidade ou começou a viver longe dos pais. Começamos a ser grandes no dia que temos a necessidade de tomar, pela primeira vez, um mate solito.

Não é casualidade. No dia que uma criança põe a chaleira no fogo e toma seu primeiro mate sem que haja nada em casa, nesse minuto é que descobre que tem alma. Ou está morto de medo ou está morto de amor, ou algo: porém não é um dia qualquer. Poucos são os que se recordam desse dia, mas em todos há uma revolução por dentro a partir desse dia.

O simples mate é nada mais nada menos que uma demonstração de valores... É a solidariedade de bancar o mate lavado porque a charla é boa. A charla, não o mate. É o respeito pelos tempos para falar e escutar, tu falas enquanto o outro toma, até que num momento dizes: Basta, troca a erva!.

É o companheirismo nesse momento.
É a sensibilidade da água quase fervendo.
É o carinho para perguntar: Está quente, não?.
É a modéstia de quem ceva o melhor mate.
É a generosidade de servir até o final.
É a hospitalidade do convite.
É a justiça de um por um.

A obrigação de dizer obrigado ao menos uma vez ao dia. É a atitude ética, franca e leal de encontrar-se sem maiores pretensões, de compartilhar.

TE SENTISTE INCLUÍDO?
Compartilhe então, com quem alguma vez tomaste um mate."

Obrigada Pai, por eu poder matear com esses dois anjos.

Cassia

Um comentário:

Walkiria disse...

Catita!

Você é que é um presente e dividir o doce-amargo do mate virtual com você tem sido uma das melhores experiências virtuais e reais da minha vida.